Francisco Marcelo da Silva é morador do bairro Maré no Rio de Janeiro, antes conhecido como Complexo da Maré. O bairro é formado por 16 comunidades populares e tem uma população de aproximadamente 140.000 pessoas. Marcelo, como gosta de ser chamado, por desta forma prestar uma homenagem a sua mãe já falecida, nasceu e cresceu nas palafitas da Maré. De uma família de cinco filhos, dos quais um já falecido, vítima da violência no trânsito carioca. Apesar de não ser primogênito, Marcelo foi o primeiro a entrar na universidade, é, portanto, universitário de primeira geração. Estudou toda a vida nas escolas públicas do bairro. Fez um curso pré-vestibular em uma comunidade do bairro, organizado pela ONG CEASM – Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré, e conseguiu ser aprovado no vestibular para o curso de geografia da UFF – Universidade Federal Fluminense.
Seu ativismo social, desde dos tempos no pré-vestibular, marca sua trajetória na luta pelo acesso e permanência de jovens moradores de espaço popular na universidade e pelo respeito aos Direitos Humanos nas favelas cariocas. A partir de 2006 passa a atuar no Observatório de Favelas do RJ, uma OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público que trabalha na produção de pesquisas e tecnologias sociais para os espaços populares. No Observatório, atua como pesquisador da Vertente de Desenvolvimento Territorial, neste momento, passar a ter os primeiros contatos com o Programa Conexões de Saberes, tecnologia social desenvolvida pelo Observatório de Favelas desde 2002, que em 2004, em parceria com SECAD/MEC leva essa tecnologia para todo território nacional, que passa a acontecer em 33 universidades federais, entre elas a UFC. Desde então, na Coordenação Executiva do Programa, desenvolvida com a SECAD/MEC, passa a ter contato com coordenadores e bolsistas do Programa atuando como Ouvidor Nacional do Programa. Esse trabalho é expandido e ele passa a assumir também a representação institucional do Observatório de Favelas participando ativamente dos Encontros, Seminários e reuniões do Programa em todo país.
Seu contato com o PRECE fez com que buscasse entender melhor sobre a metodologia desenvolvida nas Escolas populares Cooperativas (EPCs). Marcelo é conhecido na Maré como o “bom exemplo”, mas rejeita esse rótulo, acredita que os bons exemplos são as mães e pais que mesmo diante das dificuldades da vida criam seus filhos e filhas com muita educação e dignidade, segundo ele, o que faz não é mais que sua obrigação. Pais e mães que muitas vezes, seja no interior do nordeste ou nas favelas do Rio de Janeiro, são “congelados” por seus filhos que não demonstram a mesma reciprocidade na questão educacional. Marcelo acaba de ser aprovado num dos processos de seleção mais concorridos para o mestrado em Educação no Rio de Janeiro: o Programa de Pós-graduação em Educação da UFF. Quase que simultaneamente foi selecionado como bolsista da Fundação Ford, um dos programas de fomento para a pós-graduação mais cobiçado do país, quiçá do mundo. Ele não nega as origens, seu projeto de pesquisa no mestrado busca entender as estratégias de permanência, desenvolvidas por estudantes afro-brasileiros moradores de favelas no espaço acadêmico, mais especificamente dos bolsistas do Programa Conexões de Saberes.
Se tudo ocorrer como ele deseja, sua pesquisa alcançará o PRECE na tentativa de um estudo comparativo entre os bolsistas do sudeste e nordeste buscando identificar essas estratégias e contribuir para o aperfeiçoamento de políticas públicas como o Programa Conexões. No futuro pensa em morar em Fortaleza, atuar no PRECE e lecionar em alguma universidade pública do Ceará. Desejamos sorte e muito sucesso a Francisco Marcelo na sua caminhada! Obrigado por sua amizade, companheirismo e colaboração!
Muito legal saber um poquinho mais da história tão bonita do Marcelo.
ResponderExcluirForça que tudo vai dá certo.
beijão
Lily/ UFMG
Grande companheiro Marcelo, sabemos que tem muito mais pra falar de sua vida.Nesse texto encontramos apenas um pedacinho da sua caminhada, porém, prepare se para uma longa trajetória. Deus é contigo, amigo!
ResponderExcluirUm grande e caloroso abraço de sua amiga Carioca que mora no Pantanal.
Jussara/ MS